Furto em sala de aula: o que fazer?


As escolas enfrentam diariamente uma série de problemas relacionados à conduta das crianças. São episódios de briga, indisciplina, falta de motivação, etc., que muitas vezes deixam professores e diretores sem saber qual atitude tomar. Esses problemas também afetam os pais, já que, na maioria das vezes, a escola se vê obrigada a entrar em contato com eles para uma resolução conjunta do problema.

Um dos comportamentos que costumam inquietar pais e professores é o roubo. Esse problema não é exclusivo de escolas frequentadas por crianças que passam por sérias privações econômicas e sociais. Ocorre também em escolas particulares, onde os alunos não teriam motivos financeiros para praticar tais atos.

Nesses casos, os adultos costumam se perguntar por que crianças que aparentemente não passam por nenhuma dificuldade financeira furtam pequenos objetos dos colegas ou até mesmo dinheiro.

Muitas vezes, a primeira hipótese dos membros da escola é que a atitude do aluno é um sinal de delinquência, mas, na imensa maioria dos casos, ela não se revela verdadeira. Ainda assim, o furto costuma assustar os educadores e surge a dúvida: o que fazer nesse tipo de situação?

Antes de discutir ações, é necessário inicialmente entender o comportamento do aluno.

Crianças e adolescentes não roubam por um único motivo, portanto não existe uma explicação-padrão que possa ser generalizada a todos os casos. Há circunstâncias em que o furto pode ser sinal de uma patologia mais grave em que a pessoa se sente compelida a se apropriar de coisas que não lhe pertencem, ainda que tenha condições de adquiri-las.

Esses casos, porém, são raros e não representam a maioria das ocorrências desse gênero nas escolas. Daí a importância de os educadores saberem analisar caso a caso, buscando as razões que levam cada aluno a se comportar dessa forma. Em geral, essa razão só será encontrada com a ajuda dos pais.

Para proceder a essa análise, em primeiro lugar é necessário verificar o que foi roubado e que tipo de utilização o objeto pode ter. É essa verificação que mostrará a pais e professores qual a atitude mais adequada. 

Há casos em que a criança furta um objeto que o colega tem e que ela também gostaria de possuir, mas que, por algum motivo, não possui. Nessas circunstâncias, a criança furta levada pelo prazer imediato de ter aquilo que deseja, sem avaliar as conseqüências a longo prazo, nem para si mesma, nem para a criança de quem subtraiu o objeto. Para ela, parece ser a única forma, ou a mais fácil, de usufruir de algo que quer.

Casos dessa natureza requerem uma atuação dos pais no sentido de explicar para a criança que se apossar daquilo que os outros têm não é a melhor forma de conseguir o que se deseja.

Uma boa medida seria os pais ajudarem a criança a encontrar uma forma de ganhar o objeto: economizando a mesada, fazendo uma tarefa extra em casa ou outra solução que valorize o esforço da criança para obter o que quer. Também é importante que a criança devolva para o colega aquilo que pegou.

Esse tipo de situação geralmente envolve crianças pequenas, ainda em idade pré-escolar, e pais e professores devem agir de maneira clara, mostrando à criança as conseqüências de seus atos, para que ela aprenda a forma adequada de agir. 

Diferentes são as situações em que o aluno furta um objeto movido pelo prazer de burlar uma regra. Para algumas crianças e adolescentes, o furto pode representar uma demonstração de poder sobre a autoridade (professores, pais, diretores), não importando o valor ou a utilidade do objeto furtado.

Em geral, pode-se descobrir se foi essa a motivação quando se conversa com o aluno sobre o ocorrido, pois ele pode deixar transparecê-la em suas explicações. Nesses casos, a melhor atitude a ser tomada é encaminhar o aluno para um acompanhamento psicológico, que não só ajudará o aluno, mas também seus pais a lidarem melhor com a situação.

Solução semelhante é indicada quando o aluno furta dinheiro dos colegas com o objetivo de adquirir drogas. Crianças e adolescentes dependentes e que não conseguem mais dinheiro suficiente dos pais para sustentar seu vício podem recorrer a esse tipo de artifício.

Atitudes como essa, em geral, vêm acompanhadas de uma série de outros sinais, e o furto pode ser o ápice de uma situação que já se arrasta por um bom tempo. Nesses casos, o acompanhamento médico e psicológico é imprescindível.

Essas são algumas das situações que podem motivar uma criança ou adolescente a cometer pequenos furtos na escola, mas pode haver outros motivos para essas ações, desde os mais ingênuos, que não envolvem uma intenção clara de prejudicar a pessoa furtada, até os mais complexos, como os que envolvem a aquisição de drogas, por exemplo.

Por causa dessa diversidade de fatores, é muito importante que os professores sejam capazes de, com a colaboração dos pais, encontrar os motivos das ações dos alunos. Para isso, inicialmente é necessário que a escola identifique com um bom grau de certeza quem é o autor dos furtos.

Em segundo lugar, sempre se deve comunicar os pais do ocorrido (daí a importância da certeza na identificação do autor), mas sem tumulto ou alarde. Esse tipo de atitude pode deixar os pais desnecessariamente em pânico ou na defensiva e dificultar a discussão de uma solução adequada.

A escola, sozinha, não pode fazer nada e a participação dos pais é fundamental para decidir qual a atitude mais correta a ser tomada. É sempre bom lembrar que o objetivo, tanto dos pais quanto da escola, deve ser educativo, visando ao bem-estar do aluno e não à pura e simples punição do ato. Em decorrência disso, ambos devem ser aliados na resolução do problema.


Fonte: http://www.educacional.com.br/falecom/psicologa_bd.asp?codtexto=117